sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Edson e Manuel

Por ROBERTO VIEIRA


Hoje, Garrincha completaria 77 anos.

Garrincha que faz anos cinco dias depois do Pelé.

A coincidência das datas induz uma reflexão.

Porque Garrincha é visto como inocente e bonachão fora dos campos?

Enquanto Pelé é cobrado em cada esquina a cada escorregão?

Qual a diferença entre o Edson e o Manuel?

Edson se recusou a reconhecer uma filha.

Parte da torcida o vaia até hoje.

Longe do texto elogiar a conduta.

Mas Garrincha abandonou uma penca de filhos.

No Brasil, na Suécia, sabe-se lá onde mais.

Mesmo assim, o ato de Edson é sempre lembrado.

E o de Garrincha é folclorizado.

Como o de um bom selvagem.

Em outros campos, Edson foi exemplo de atleta.

Não bebia, não fumava, treinava mais que todo mundo.

Enquanto Manuel era o avesso do avesso do avesso.

Edson que jogou tão machucado quanto Manuel.

Ambos esquartejados.

Porém, a imagem do Rei saindo em frangalhos na Copa da Inglaterra.

Depois de lutar com uma perna só diante dos portugueses.

É menos lembrada que a clavícula do Kaiser.

Menos glamourizada que os joelhos do Manuel.

Não se trata aqui de juízo de valores.

Pelé e Garrincha são fenomenais, craques, gênios.

Edson e Manuel são humanos, falíveis, marias-madalenas.

Entretanto.

Talvez o motivo da percepção distinta entre Edson e Manuel.

Seja outro.

Menos inocente – e mais ligado ao preconceito de classes e de cor.

Edson, menino pobre e faminto, negro e inculto.

Seria idolatrado se morresse pobre e entorpecido.

Como devem morrer os negros neste país.

Como morreu Garrincha.

Mulato inzoneiro alcoolizado e falido.

Semideus de um país que aplaude os seus ídolos do povo.

Principalmente quando morrem miseráveis e esquecidos…


"A quantidade de preconceito que cada um de nós tem é inversamente proporcional a de inteligência". Jefferson Luiz Maleski

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Eu entendi bem?

Techo da chamada de uma matéria no Jornal do SBT de ontem (dia 22/09/2010):

"Normalmente a Polícia vai a favela em busca de traficantes... Mas dessa vez foi diferente, elas prederam jovens da classe média que vendiam drogas".

É isso? eu entendi bem?

Tranficante = Morador da favela que vende drogas... ok, até ai "tudo bem".

Agora jovem de classe média que vende drogas não é traficante, é: "jovem de classe média que vende drogas"... ah tá, ok!!

Outra coisa que me chamou a atenção: "Normalmente a polícia vai a favela em busca de traficantes". A Polícia não deveria ir normalmente a favela para fazer a segurança das pessoas de bem?, Que são a maioria.

É, será que eu entendi bem?


"A favela é todo o mal de um mundo mal, ainda bem!". J. C. David

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O Fenômeno Andrade.

No mundo do futebol se existe um emprego cheio de altos e baixo é o de treinador. Normalmente eles não ficam um ano em um clube, em contrapartida não passam 6 meses desempregados.

Sabendo disso, vou contar a história de um treinador que pegou um time desarrumado em 13° lugar e conseguiu levar essa equipe (sob enorme pressão) para um título que o time não conseguia a 17 anos. Mas, esse técnico após um vice campeonato foi demitido no início do ano, mas você deve pensar, "pô o cara tá valorizado, logo encontrará um novo emprego rápido".

Então eu deixo a questão, Por que Andrade (foto do layout) continua desempregado? Por que?

Por que ele não é nem lembrado como opção??? Por quê?

será... deixa pra lá..


"Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito". Albert Einstein (não da para "deixar para lá não").

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Islamismo: preconceitos do passado, no presente


O estereótipo da luta do Bem contra o Mal, na oposição entre Ocidente e Oriente, desemboca em uma revivescência do espírito das Cruzadas. As ações tomadas, no século XXI, contra os islâmicos mostram reflexos dos estereótipos criados durante a Idade Média, embora teoricamente estejamos muito longe desse período. Os países do Oriente Médio, em sua maioria muçulmanos, localizam-se numa região estratégica e rica em recursos minerais, como o petróleo. A intervenção ali realizada contra “ditadores” e “grupos radicais” retoma a antiga visão medieval do Bem, relacionado ao cristianismo, e do Mal, associado ao islamismo.

Há um entendimento, no Ocidente, de luta contra o Império do Mal, o que, no mundo globalizado, significa uma releitura do conceito de Cruzada. Historiadores conceituados, como Bernard Lewis, apresentam uma visão etnocentrista de que a função dos países ocidentais seria a de levar as suas instituições, em especial a democracia e os direitos humanos, aos muçulmanos, justificando assim o uso da força para dominar essas populações.

A postura atual é muito semelhante, portanto, àquela adotada a partir de fins do século XI, quando - principalmente por motivos religiosos e econômicos - houve a idéia da retomada da Terra Santa, Jerusalém, e também da Reconquista Cristã na península Ibérica. Os islâmicos passaram a ser vistos como a encarnação do Mal, uma representação do diabo. A luta contra os "infiéis" garantiria ao cristão a possibilidade de salvação e amparava qualquer atitude em nome da Guerra Santa. Em meio à carnificina, as Cruzadas, ao mesmo tempo em que aproximaram os ocidentais da matemática, filosofia e medicina, desenvolvidas pelos árabes, serviram para ampliar as desconfianças entre as duas culturas.

Assim como a era medieval forjou preconceitos arraigados até hoje, ela também apresenta algumas respostas positivas de convivência entre Oriente e Ocidente. Um exemplo é o período de expansão árabe na península Ibérica, al-Andaluz. A revelação espiritual de Maomé estabeleceu dois princípios básicos: o primeiro, a retomada de antigos valores tribais de solidariedade e proteção aos mais fracos (muruwah). O segundo foi o apreço pelas religiões mais antigas, judaísmo e cristianismo, cujos preceitos eram respeitados no Corão. Ao dominar al-Andaluz os muçulmanos não perseguiram os cristãos e judeus, nem lhes impuseram seu credo. Ao contrário da posição adotada pelo espírito das Cruzadas, de ideologia ocidental que persiste até hoje.


“Não criei os gênios e os humanos exceto para Me adorarem.” (Alcorão 51:56)


quarta-feira, 7 de julho de 2010

O Assunto em si não me interessa, masss....

A notícia do momento, além da copa do mundo, é o caso Bruno. Não vou entrar em detalhes, até porque como o título sugere esse assunto não me interessa. O que me interessa e preocupa, é que esse caso está sendo divulgado e sensacionalizado por toda mídia (nenhuma novidade) e até agora muitos se prendem no: “absurdo que é o goleiro do Flamengo, alguém famoso, tirar a vida de outra pessoa” (não estou acusando, apenas constatando).

Porém, porque essa comoção não acontece com o fato de 10 mulheres, em média, serem assassinadas por dia no Brasil (ver). É claro e eu não sou tolo de acreditar que a vida de todas essas mulheres tem o mesmo valor, para imprensa, de uma que foi assassinada por alguém famoso. O que contesto é, porque esse fato não é noticiado e principalmente combatido com a mesma veemência que o caso Bruno. Faz parecer (e eu não duvido) que esse tipo de morte interessa a nossa sádica imprensa, não se combate o meio e sim o fim.

E sobre Bruno, ele vai ter sua carreira (ser for assassino com muita justiça) findada, porém não deve se preocupar muito, no mundo, assassino vira comentarista de grande emissora (ver). Enfim, quem sabe futuramente, Bruno como comentarista de esportes (ou polícia) da Record... para bom entendedor...


“No mundo, tem mais importância, em todos os sentidos, um assassino famoso que um morto anônimo”. J. C. David

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Sou viciado...

Já tentei negar, duvidei e até menti para mim mesmo, porém não há como omitir mais... sou viciado! É... Eu sou viciado!

Porque somos obrigados a usar uma sentença final ou uma pausa absoluta, se isso não existe em nossa existência... só com a morte (...) e olhe lá...

A nossa vida é, e sempre será composta por um pensamento que nunca irá findar-se... Teremos sempre uma omissão implícita... Nunca chegaremos a algo totalmente irrefutável ou estabelecido...

Então, por isso eu sou viciado... E paradoxalmente não irei me calar... (estranho, não)

Posso até, um dia, deixar meu vicio de lado... Mas, se isso acontecer, ficará provado que os vícios realmente não nos levam a nada...


"nem o google explica minhas alucinações"... J. C. David

sábado, 12 de junho de 2010

A Copa é DO MUNDO!!!

Começou a copa e é aquela alegria. Tudo legal até agora, com uma organização decente e muita festa dos sul africanos. O que deixa a desejar é mesmo o nível técnico de alguns jogos. E aí aparecem os elitistas de plantão para cornetar ou Vuvuzelar (o assunto é copa mesmo né). Com argumentos como:

“Mas, tem muita seleção fraca”
“Para que Coréia do Norte, Nova Zelândia, Argélia?”
“A Copa deveria ter menos seleções”


E o mais absurdo de todos. “A Copa deveria ter seleções da América, Europa e umas três dos outros continentes, só”.


Enfim o argumento é sempre de que a Copa tem muita seleção fraca que tecnicamente não ajuda em nada. ÓTIMO!!! Será que eles se esquecem que a Copa é do MUNDO. E por ser assim, todos os continentes merecem um número condizente de seleções. Ou você acha que o torcedor de Honduras acha que o time vai ser campeão. Para ele disputar essa Copa, ver seu hino ser tocado já vale como uma grande conquista. E eu particularmente prefiro a alegria de um Hondurenho (só como exemplo) simples e que vai ficar feliz se sua seleção fizer no mínimo um gol nessa competição, à arrogância de torcedores de seleções “grandes”, inclusive o Brasil (representados pela mídia).

Deve-se lembrar que uma Copa do Mundo é além de tudo um fator social, como foi em 2006, onde para os debutantes angolanos, os jogos eram um mero detalhe, o que valia mesmo era a participação nessa festa de um país que anos antes foi arrasado por uma guerra civil, e a emoção do Gol de Flavio no empate contra o Irã, foi como uma levantar a taça. E também como bonito e importante seria futuramente o Haiti, Iraque, Afeganistão, Vietnã disputarem uma Copa do Mundo, como isso traria orgulho e alegria, algo escasso atualmente, para esses povos que tanto sofreram, curiosamente, com a empáfia dos “poderosos” que são (em sua maioria) os mesmos que atualmente querem privar o sonho de um povo; e possuem defensores na mídia para isso. Até a ambição deles é de uma copa européia mais Brasil e Argentina e com a mendicância de vagas para o outros continentes.


Então a Copa, como a segunda maior competição do Mundo, só atrás das Olimpíadas, que por sinal também da oportunidades a todos, “bons” ou “ruins”, e os maiores exemplos de superação vem dos “ruins”. Tem que ter esse número de seleções, mais, eu já acho exagero, mesmo que com jogos fracos no início, Até porque o que marca no início da Copa é a torcida. Como foi no passado a torcida da Jamaica, Camarões, Costa do Marfim, Suécia, etc. É a alegria de um gol, como foi o de Angola em 2006, o de Senegal vencendo a ex-colônia França em 2002, os do Irã na vitória sobre os E.U.A em 1998 ou até mesmo o de El Salvador na derrota por 10 x 1 para Hungria na Copa de 1982, fazendo com que Luis Ramírez (autor do gol) se tornasse ídolo no País da América central.

Só veremos Futebol de nível mesmo após as quartas de finais. Aí é que a competição de verdade é colocada em campo. Antes, ela é global e da a oportunidade (assim como o futebol em geral) de “menores” vencerem “maiores”, algo que infelizmente não acontece nos outros meios da nossa vida.


"O futebol não é uma questão de vida ou de morte. É muito mais importante que isso..."
Bill Shankly

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Não existe pena de morte? [2]

Há cerca de um ano, eu escrevi um post, não existe pena de morte (ver link). Do qual eu falava sobre como, principalmente no Brasil, a "justiça" é feita pelas mãos de polícias. Que mata (em sua grande maioria pessoas carentes) sem qualquer critério de culpabilidade.

E para colaborar com o que eu escrevi e penso, essa semana saiu um relatório da ONU sobre a violência policial no país, os resultados são alarmantes, porém não me surpreende. Vejam abaixo algumas notícias sobre esse fato.


O Relatório sobre Execuções Sumárias da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado nesta terça-feira, mostra taxas “alarmantes” de violência policial no Brasil e a ação de grupos de extermínio no País. De acordo com o documento, o Brasil não cumpriu integralmente nenhuma das 33 recomendações feitas pelas Nações Unidas, depois que o relator especial da ONU sobre Execuções Sumárias, Arbitrárias ou Extrajudiciais, Philip Alston, visitou o País em 2007.

“Quase nenhuma medida foi tomada para resolver o grave problema dos assassinatos de policiais em serviço, ou para reduzir os elevados índices de assassinatos justificados como “autos de resistência”. A maioria das mortes nunca é investigada de forma significativa. Pouca coisa foi feita para reduzir a prisão e a violência”, afirma o relatório.

“Houve pelo menos 11 mil mortes registradas como ‘resistência seguida de morte’ em São Paulo e no Rio de Janeiro entre 2003 e 2009. As evidências mostram claramente que muitas dessas mortes na realidade foram execuções. Mas a polícia imediatamente as rotula de 'resistência'”, criticou o relator especial das Organizações das Nações Unidas (ONU) sobre Execuções Extrajudiciais, Philip Alston. Ele ressaltou que essas mortes precisam ser investigadas como assassinatos.

Segundo a ONU, das 33 recomendações feitas no relatório de 2008, nenhuma foi integralmente assimilada, 22 foram descumpridas e 11 foram classificadas apenas como “parcialmente cumpridas”. O documento denuncia que o governo brasileiro tem falhado em tomar medidas necessárias para diminuir as mortes causadas pela polícia.

Além da violência policial e dos chamados ‘autos de resistência’, o relatório também trata das mortes ocorridas dentro de unidades prisionais, a atuação de milícias e de grupos de extermínio formados por agentes públicos. O relatório também aponta falhas e vícios presentes no aparato de investigação e no processamento judicial. Essas falhas, de acordo com a ONU, propiciam a não responsabilização de crimes cometidos por representantes do Estado.

“O dia a dia de muitos brasileiros, especialmente daqueles que vivem em favelas, ainda é na sombra de assassinatos e da violência de facções criminosas. Quando visitei o país constatei que a polícia executou supostos criminosos e cidadãos inocentes durante operações. Civis foram mortos também por policiais atuando em grupos de extermínio e milícias”, disse Alston em comunicado à imprensa.

Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/onu+policia+continua+matando+em+niveis+alarmantes/n1237650108891.html


"A policia ensinou que a justiça é sem valorSomente que te ama por você tem amor.Nosso Senhor então assiste Um filme triste".

Trecho da música Filme Triste - Rzo, Racionais Mc's.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Padre Cícero: a diferença do mito para o homem.

Representante maior do cristianismo no Nordeste, Padre Cícero Romão Batista, foi uma figura polêmica em vida, e continua sendo assim após sua morte. Os que crêem nele, divinisam-no, vêem no padre uma pessoa boa, amiga dos pobres e que só fez o bem em vida. Já seus opositores o colocam como mais um coronel (político), algo ainda (infelizmente) comum no Nordeste, alguém que coloca seus interesses e dos seus poderosos representantes como prioridade.

Ambos erram, porque não sabem analisar qual é o Padre Cícero que cada grupo vê. Os fiéis reverenciam o mito, já os descrentes a pessoa.

Falando primeiro sobre os fiéis, em sua maioria nordestinos, criaram o mito, o santo, porque era necessário, assim como a maioria das culturas precisam de seus herois a cultura nordestina não era diferente. Se Zumbi, por ser negro, não poderia, os líderes das revoluções populares, como Frei Caneca, Cosme Bento, Francisco Sabino, etc, ou mesmo Lampião, foram transformados em bandidos por quem possuía o poder, restou ao povo do Nordeste, encontrar um símbolo bem visto pela oligarquia, e aí, o Padre Cícero se tornou a escolha mais condizente. Visto a importância do catolicismo para o Brasil (maior país católico do mundo), Ele (mito) representou, e muito bem, o clamor desse povo sofrido, que precisava de um igual, para se sentir "gente", para lhes falar diretamente. Então ele, como símbolo, foi algo totalmente positivo, que trouxe esperança para a população.

Agora vendo o lado dos que lhe criticam, também estão corretos, o Padre Cícero (pessoa) sem levar em consideração se fez milagres, foi um coronel, com, evidentemente mais desapego as suas posses do que a maioria deles. Foi político, se utilizando do seu prestígio como padre, do PRC (Partido Republicano Conservador) partido representante do que havia de pior na República café com leite, se é que existia algo de bom, foi sempre fiel (mesmo após a excomunhão) a uma igreja católica retrograda, se mostrou preconceituoso (algo comum no início do século XX) como fica provado em um depoimento de uma mulher que conviveu com o Padre no filme, Milagre em Juazeiro (de 1999) e combateu a coluna prestes. E não me venham dizer que seu bom convívio com Lampião foi algo negativo, muito pelo contrário. Mas enfim, não podemos dizer que foi uma santa pessoa (como seu conterrâneo DOM HELDER CÂMARA).

Então, assim como várias figuras históricas, que se diferenciam entre mito e realidade, o Padim Ciço (como também é conhecido) tem que ser analisado como dois, bem diferentes por sinal, mas que, não deixam (isso, no plural) de ter sua importância para a história brasileira.


"Sou devoto de Padre Ciço Romão Sou tiete do nosso Rei do Cangaço E meu regaço cuminado em pensamento Em meu rebento sedento eu quero chegar".

Trecho da música, Caboclo Sonhador, composição de Flávio José.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Uma entrevista com deus [2].

Porém percebi uma coisa da qual ainda não havia me tocado, ele é onipresente! Então eu talvez não precisa-se encontrar um ser em especial, para encontra-lo era necessário apenas olhar para o lado, já que ele está em todo lugar. E eu fui perceber isso logo numa rua movimentada, quer dizer, todos que estavam ali poderiam ser ele, ou eram, e isso me deixa bem perturbado, porém trás um pouco de esperança de fazer a entrevista. Então pensando dessa forma e vendo todas as opções, eu já começava a acreditar em deus. E sendo assim, o que eu poderia fazer, perguntar a um por um se ele é deus? Mas se eles podem ser ele, porque eu também não poderia, a sua onipresença não é bem exemplificada, se é algo exterior e material ou interior e imaterial, e se for assim, ele poderia estar dentro de mim, ser uma parte presente, ou criada, pertecente a todo ser humano. É confuso e uma reviravolta tamanha, mas não deixa de ser uma forma de pensar e tentar terminar, ou conseguir respostas. Porém creio que os deuses que esperam por essa entrevista não pensam dessa forma. A não ser que esses deuses tenham sido indicados por ele, o que não iria me deixar surpreso, visto o poder que eles possuem.

É verdade que ele pode até ser onipresente, e ser, mesmo não sendo, exatemente o que pensam que ele é. E também é fato que isso parece uma filosofia barata (de forma alguma nilista), mas não deixa de ter sua coerência, se você realmente entender o que ele é. No entanto, mesmo sendo onipresente, eu ficarei sem saber quem, ou quais, ele representa, se o Deus Cristão ocidental ou oriental, Judeu, mulçumano, espirita, protestante, olorum ou até Odin, etc. Talvez aí esteja também contido outro sentido de sua onipresença e até onipotência, mas principalmente onisciencia imposta, por ele poder ser todos eles, e ao mesmo tempo, nenhum. Tudo vai de acordo com o que você acredita ou em que você quer fazer os outros acreditarem e aceitarem. Isso prova que realmente, mesmo muitos dizendo o contrário, deus é bom!, já que tudo o que nos é conveniente é bom. Acho que nem preciso me utilizar de lógica para explicar isso.

Será que essa forma de pensar é pecado. Mas e o que é pecado? Realmente existem graus diferentes de pecados, ou de pessoas, eu particularmente acho que de pessoas, os pecados podem ser os mesmos, porém as pessoas não, deus instituiu isso, assim como todos temos “direitos iguais”, mas alguns são mais iguais que os outros, todos pecamos da mesma forma, mas uns são mais pecadores que os outros, digamos que já nasceram assim, Deus instituiu isso (ou será que foi Calvino). E por isso eles são (e talvez seram) levados ao juízo de formas diferentes, e creio eu que ao fim de tudo, todos os pecados são “capitais”.


trecho do livro (inacabado), uma entrevista com deus, de minha autoria.


"Eu tenho tanta autoridade quanto o Papa. Eu só não tenho tantas pessoas que acreditam nisso".
George Carlin.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Idiotas da subjetividade.

Vou ser direto, eu não gosto de poesia, em sua maioria, porém, é evidente que respeito quem sabe fazê-las e sua importância na história da arte, e sou amigo de alguns poetas, destaque para Carlos Eduardo Mélo.

Então o porquê desse título, parodiando, de certo modo, Nelson Rodrigues. Enfim, porque esse título se remete a tudo (para mim) de mais desprezível na arte, se é que pode ser chamado de arte, que são os idiotas (o termo é forte, mas é por aí mesmo) da subjetividade, aqueles escritores, poetas em sua maioria, que escrevem algo que vai do nada para lugar nenhum, normalmente neo paranasianos, ultra-românticos ou simbolistas. Buscam apenas, juntar "palavras bonitas", conteúdo? não sabem o que é, o que interessa, é rimar, amor com dor, ou utilizar palavras fortes e se sentirem o novo Augusto dos Anjos.

O importante para mim quando se escreve, é a mensagem, e a verdade que a mesma trás, e não como ela é feita, não é importante preocupar-se com o belo ou em seguir um estilo único, até porque se você apenas segue, deixa de ser único e perde meu respeito, se torna apenas um "papagaio de poeta."

Particularmente prefiro os condoreiros ou modernistas que usavam as palavras como forma de protesto, porém o amor, tristeza, medo, humor, etc. Podem sim, e com muita qualidade, serem utilizados, desde que, a mensagem traga verdade, seja o real sentimento. E não como fazem os bibelôs da poesia (ou idiotas da subjetividade) que não sabem, ou sabem e ignoram, o quanto é feio a sua oca "beleza" ou pior, escrevem sobre um mundo ou um sentimento que só sabem lendo (se é que eles lêem) Álvares de Azevedo ou Casimiro de Abreu (grandes exemplos de idiotas), claro, sem buscar conhecer como é o mundo lá fora, sem tirar a bunda da frente do computador e entre uma punheta e outra.


"É tão fácil ser poeta, e tão difícil ser um homem." Charles Bukowski


quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Futebol, política e heróis.

O futebol sempre foi, e é, veículo político, no Brasil mesmo vale lembrar à época da ditadura militar onde existia um velho ditado: “onde a Arena (partido da ditadura) vai mal, mais um time no nacional”, isso, entre outra "intervenções".

Mas evidente que não apenas no Brasil existem esses tipos de caso, e por isso, usarei esse post para citar alguns exemplos:

O nazismo e a bola

O futebol alemão caminhou de braços dados com o regime de Hitler. Lançado em 2005, o livro Fussball Underm Hakenkreuz (“O Futebol sob a Suástica”, sem versão em português) dissecou a colaboração da federação alemã e de quase todos os clubes com o governo nazista. A conclusão: apenas o Bayern de Munique, que tinha fama de “clube dos judeus” por acolher atletas perseguidos, não se engajou no projeto nazista. Seu presidente, Kurt Landauer, chegou a ir para um campo de concentração. Mas ele era exceção. O técnico Sepp Herberger, por exemplo, se associou ao Partido Nazista em 1933 e assumiu a seleção em 1937. Continuou no cargo mesmo após a guerra – e foi campeão mundial em 1954.

A Copa dos quartéis

A ditadura militar que se instalou na Argentina, em 1976, tomou conta também da copa de 1978. Encarregado da organização, o general Omar Actis foi morto num atentado atribuído ao almirante Carlos Alberto Lacoste, seu substituto no cargo. Entre ameaças de boicote (a única concretizada foi do holandês Cruyff), a copa foi realizada e terminou em polêmica: após a Argentina vencer o Peru por 6 a 0, surgiram denúncias de suborno que envolveriam o envio de 35 milhões de toneladas de grãos ao país rival.

Xeque executivo

Como presidente da federação do Kuwait, o xeque Fahid Al-Ahmad Al-Sabah entrou para a história do futebol ao invadir o gramado e forçar o árbitro a anular um gol da França contra sua equipe na Copa de 1982. Seu fim viria pela vingança de um ditador. Em 1990, Saddam Hussein invadiu o Kuwait e, por isso, o Iraque foi banido do Comitê Olímpico Internacional. Em represália, Saddam ordenou a tomada do Comitê Olímpico do Kuwait, do qual Fahid também era presidente, e matassem quem lá estivesse. O xeque, inclusive.

Mais que um clube

Ou “més que un club” (em catalão), esse é o lema do Barcelona, e representa o sentimento de sua torcida para com o time que sempre foi uma espécie de braço armado da luta política contra o centralismo de Madrid, representado pela ditadura franquista.

O nazismo e o Herói

Matthias Sindelar, foi o maior jogador da Austria, e se recusou a participar da copa de 1938, quando a Austria foi unificada com a Alemanha, o que já causou a irá dos nazistas. Principalmente que há alguns anos antes em um amistoso entre Austria e Alemanha, ele marcou um gol que deu a vitória a seu país, desobedescendo ao acordo de empate para a partida, e pior, comemorou efusivamente frente aos líderes nazistas que estavam no estádio. Sindelar seria encontrado morto em 1939, com a namorada, Camilla Castagnola, em Viena. O veredicto oficial concluiu que a morte de ambos fora acidental: ambos teriam se asfixado por monóxido de carbono - algo comum na época - enquanto dormiam. Entretanto, a morte repentina do astro também gerou rumores de que teria sido assassinado pelos nazistas, o que ganhou força após posterior divulgação de que Sindelar estava sendo investigado pela Gestapo.


"Levei 4 gols, mas salvei 11 vidas." Antal Szabo


Antal Szabo era o goleiro húngaro na derrota por 4 a 2 para a Itália na final da Copa de 1938. Antes da partida, repetindo o que fez na final de 1934, o ditador fascista italiano Benito Mussolini mandou aos jogadores de sua seleção a sinistra mensagem “Vençam ou morram”. E ele não falava em sentido figurado.


domingo, 10 de janeiro de 2010

Os sentimentos de uma guerra.

Abaixo trago dois relatos sobre guerra, tirados do livro, história e vida de Nelson Piletti e Claudino Piletti, editora ática, 1989.


O RÁPIDO DESENCANTO COM A REALIDADE DA GUERRA.

De repente, uns silvos estridentes nos precipitaram ao chão, apavorados. A rajada acaba de estalar sobre nós. Os homens, de joelhos, encolhidos, com a mochila sobre a cabeça e encurvando as costas, se apegavam uns aos outros. Por baixo da mochila dou uma espiada nos meus vizinhos: arquejantes, sacudidos por tremores nervosos e com a boca contraída numa contração terrível, batiam os dentes e, com a cabeça abaixada, têm o aspecto de condenados oferecendo a cabeça aos carrascos. O cabo, que havia perdido seu capacete, me diz: rapaz, soubesse que isso era a guerra e que vai ser assim todos os dias prefiro que me matem logo. (...)

Na sua alegre inconsciência, a maioria dos meus camaradas não havia jamais refletido sobre os horrores da guera e não viam a batalha senão pelas cores patrióticas; desde nossa saída de Paris, o boletim do Exército nos conservavana inocente ilusão da guerra ser um passeio e todos acreditavam na história dos boches se renderem aos magotes (...) A explosão daquele instant sacudiu nosso sistema nervoso, que não esperava por isso, e nos fez compreender que a luta que começava seria uma prova terrível. Escute meu tenente, parece que se defendem estes porcos!

(diário do ten. Galtier-Boissière na frente ocidental, 22 de agosto de 1914).


O VIZINHO

Eu sou o vizinho. Eu o denunciei.
Não queremos ter aqui
nenhum agitador

Quando penduramos a bandeira com a suástica
Ele não pendurou nenhuma bandeira.
Quando lhe falamos sobre isso
Ele perguntou se nos é cômodo
Onde vivemos com quatro crianças
Ainda há lugar para um mastro de bandeira.
Quando dissemos que acreditamos novamente no futuro
Ele riu.

Nós não gostamos quando o espancaram
Na escada. Rasgaram-lhe o avental.
Não era necessário. Temos poucos aventais.

Mas agora ele se foi, há sossego no edifício.
Já temos preoucupações demais
É preciso ao menos haver sossego.

Notamos que algumas pessoas
Viram o rosto quando cruzam conosco. Mas
Os que o levaram dizem
Que agimos corretamente.


poema de Bertold Brecht, mostra o estimulo do governo nazista para se denunciar, qualquer ato de "agitação."


"A guerra é um massacre de homens que não se conhecem em benefício de outros que se conhecem mas não se massacram." Paul Valery.