sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Costelinha deveria morrer


O título é meio pesado, pode causar estranheza e até repulsa. Porém, a causa é nobre. Mas, você não entendeu errado, falei denotativamente escrito mesmo: Costelinha deveria morrer.

Enfim, para quem não lembra, Costelinha é o inseparável (e muito esperto) cachorro do Doug, do seriado de mesmo nome (transmitido no Brasil, atualmente na TV cultura). Para quem não lembra ou pior, nunca assistiu. Um breve resumo do seriado:

A série retrata a vida de um garoto de 11 anos que mora em uma cidade pacata. A história simples narra situações do cotidiano como de uma criança: 1° amor, amizade, bullyng, escola, etc. Em suma, fala sobre a vida de uma criança.

E talvez por isso, pela simplicidade e realidade dos fatos, tanta gente se identificou com personagem e essa série fez (e faz) tanto sucesso no Brasil. Mas, para esse nobre blogueiro (?) fica uma lacuna, diria até um “tabu” que os produtores da série deixaram passar. Que é tratar sobre a morte. E na minha visão, o personagem escolhido deveria ser o Costelinha, por ele representar algo bem comum na vida das crianças que é o carinho e apego a um animal de estimação que inevitavelmente morrerá.

Muitos podem falar: “Mas seria traumatizante”, “Não tem sentido uma série para criança fazer isso”. Sim, poderia ser traumatizante mesmo, porém, mais traumático ainda, é as crianças passarem por isso na vida real, então, se o desenho retrata de forma tão humana e legal coisas do dia-dia das crianças, porque não falar sobre a morte? Convenhamos praticamente todas as crianças terão um “encontro” com a morte em um dado momento, então, não seria legal (e inteligente até), um desenho “prepará-las” para isso?

 O Doug (série) não me parecia ser apenas comercial, ela não era apelativa, era simples, bem direta até, ou seja, funciona perfeitamente como uma boa forma de “influência” as crianças, e os desenhos devem (deveriam) ter esse lado didático, então “nada melhor” do que matar o costelinha, para mostrar como esse fato é/será natural na vida dos pequenos espectadores. Quem tem (ou já teve) um animal de estimação querido durante a infância (ou mesmo já na fase adulta) sabe que a dor da morte é difícil, mas, que um dado momento você se recupera. Então, tenho certeza que o querido narigudo superaria também.


Saiba mais sobre Doug > http://meioorc.com/artigos/doug-funnie/

 "Os homens temem a morte como as crianças temem ir no escuro; e assim como esse medo natural das crianças é aumentado por contos, assim é o outro."  Francis Bacon

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

A inabalável “cultura” da repulsa ao 24.


O ódio ao 24 surgiu com popularização do jogo do Bicho (criado em 1892) que dava ao simpático veado a responsabilidade de carregar este número pelo resto da sua vida. Com o passar dos tempos a fama do “veado” se espalhou, virou piada, ofensa e uma das mais imbecis formas de preconceitos que existem, maquiada pelo víeis do “humor”.


Ai alguma pessoa pode imaginar. Mas, qual a lógica disso? Não é apenas um número? Sim! Deveria. É evidente que a numerologia está presente na vida das pessoas (de quem acredita ou não), vide o “azarado” para alguns e “sortudo” para outros, número 13. Porém, nem o número da besta (666) é tão achincalhado como o coitado do 24.

No entanto, uma pessoa lúcida deve imaginar... “ahhh mas, é só brincadeira, ninguém leva isso a sério, qual a lógica de um número dizer ou não que uma pessoa é homossexual”... É “pessoa lúcida”, você está errado. E para isso eu pego como exemplo o esporte mais popular do país, o futebol. Na série A do nosso maior campeonato, 13 clubes (olha o 13 aí) usam números fixos (ou seja, do 1 ao 99), então, fazendo uma conta rápida 13 x 30 (média de jogadores em cada elenco) temos ai 390 jogadores!... E adivinha qual é o único número (do 1 ao 50) que não é usado? Adivinha? Claro! O nosso herói: 24!...

Mesmo assim, você pode pensar: “mas que bobagem, os jogadores não usam porque não querem ser taxados de gay, não querem ser 'zoados'”. Certo! É exatamente esse motivo. No entanto, vamos pensar a luz da lógica; Não tem lógica! O jogador vai ser “zoado” porque usa um número? Então agora fulaninho é ou não é gay (o que nem deveria ser ofensa, mas, isso é outro assunto), porque usa UM NÚMERO? “Ahh. Mas, isso é da nossa cultura”, diriam os sábios. Exato! Assim, como a escravidão já fez parte da “cultura” (se você não sabe o que é uma analogia, perdão!).

Vamos ver o que o dicionário fala sobre “ser homossexual”:

Diz-se da relação sexual ou afectiva mantida entre pessoas do mesmo sexo.

Estranho não menciona nada sobre o nosso querido número. Então vamos fazer uma recapitulação da “lógica do 24":

1 - Ele nasceu do Jogo do Bicho (que é ilegal)
2 – Ele cresceu da associação do homossexual ao Veado (que é preconceito)
3 – Ele se mantém devido a “cultura” da ojeriza ao número 24 (que é uma idiotisse)

E mesmo assim, em um âmbito PROFISSIONAL que deveria ser um exemplo para sociedade, NINGUÉM tem a coragem (ou maturidade) de usar este número, quebrando, de certa forma, os paradigmas acima. Motivo? “ele será zoado”. Evoluímos bastante, hein? Ou será que não saímos da 5° série ainda.



PS. O goleiro Cássio, campeão da Libertadores pelo Corinthians, jogou com a 24 porque era obrigado (pelo regulamento da Commebol) quando pode optar pela escolha dos números o Corinthians  (que possuí numeração fixa) optou por não usar o nosso "herói".

"A cultura não se herda, conquista-se." André Malraux