segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Uma Breve análise das eleições municipais em 2012


Terminado o segundo turno das eleições de 2012, tenho a audácia de fazer uma breve análise sobre as eleições. Até porque se o Merval (ou Merdal) pode, por que eu não?

Bem ou mal, o PT sai mais forte dessas eleições, direta e indiretamente, governará a maior parcela da população (em relação a prefeituras) e de “bônus” terá a “jóia da coroa”, São Paulo, e cidades importantes no Estado, além de que, dos grandes (considerando o PSB um grande) é o segundo partido a ter um maior crescimento. Ou seja, negar a vitória do PT é um erro tremendo, é como diz o ditado “a negação é o primeiro sintoma de culpa”. Porém, de alerta para o PT vale o enfraquecimento no Nordeste, onde elegeu o prefeito apenas de uma capital, Luciano Cartaxo, em João Pessoa; e onde amargou derrotas importantes em Fortaleza e principalmente Recife e Salvador.

Porém o crescimento do PT só não chega próximo ao do PSB, que governará o maior número de capitais e o 2° maior número de eleitores (a frente do PMDB), com vitórias importantes e estratégicas como em Recife, Fortaleza e Belo Horizonte, onde foi mostrada a força de Eduardo Campos, dos irmãos Gomes e de uma interessante parceria com Aécio Neves, respectivamente.

No PSDB a se comemorar apenas o número de cidades grandes governadas, onde entre as 85 maiores, os tucanos irão gerir 15. O que acaba não querendo dizer muito com a derrota emblemática do “serrismo” em São Paulo, por sinal, vale muito à pena ver a avaliação do lúcido vereador, Mário Covas Neto (do PSDB) sobre os motivos da derrota de Serra. A se comemorar apenas a vitória de ACM Neto, tá, ele é do DEM, mas, acaba sendo importante para o PSDB (a quem fale em uma troca de partido), e o surgimento de figuras novas na legenda, como Daniel Coelho em Recife, Rui Palmeira em Maceió e Zenaldo Coutinho em Belém, os dois últimos eleitos. Já as eleições dos desgastados Arthur Vigilio e com Firmino Filho no “cural eleitoral” de Teresina onde o partido já governa a mais de 20 anos (curiosamente Teresina tem o 2° pior IDH entre as capitais), pouco representam para o partido.

Mas, e o que isso representa para oposição e situação em 2014. Para o PT, como falei o sentimento de vitória, já que, além do seu próprio crescimento, houve o do PSB (ainda da base aliada), e com a eleição de Haddad em São Paulo, ainda manterá firme o importante apoio do PMDB e agora, provavelmente, contará com o apoio integral “novo” (e importante) PDS, além de ter trazido para o “seu lado”, o ex-tucano Gustavo Fruet, hoje no PDT e eleito prefeito em Curitiba. Então, mantendo a base e sem nenhuma surpresa interna (no caso, uma candidatura do PSB de Eduardo Campos) o PT segue com total favoritismo para as eleições de 2014, tendo como único grande desafio eleger o governador de São Paulo.

Para a oposição PSDB/DEM, fica a prova, diria até a necessidade, de renovar os quadros e principalmente o discurso, porque se não, perderá a força de principal oposição para partidos que hoje compõem a base aliada do governo. E mudar o discurso significa que, não adianta a oposição “bater no mensalão” (“trunfo” usado em 2006, 2008, 2010 e agora, em 2012), negar os avanços e programas importantes do governo PT e a importância da figura do ex-presidente Lula. Essa “dicotomia” de bom x mau, não adianta mais, prova disso é que o PT venceu o PSDB em TODAS as principais disputas diretas entre os dois partidos. Tanto que, a “oposição” que mais cresce ao PT no Brasil é o PSB (e alguns quadros do PDS) que não atacam diretamente o PT ou negam sua importância (como feito em Recife e Fortaleza), apenas se colocam como uma opção nova para resolver o que o PT não consegue ou conseguiu. Além disso, não adianta para a oposição “ser vista” com figurar tidas como “reacionárias”, o conservadorismo cada vez perde mais força no país. Então, se continuar assim sobrará para o PSDB/DEM apenas a companhia dos nocivos PR e PMB (novo Partido Militar Brasileiro) além do confuso PPS. E por fim, creio que essas eleições (claro, com algumas exceções) acabam de vez com o “risco Collor”, ou seja, um candidato “boa pinta”, progressista e caçador de marajás pode/poderá voltar a fazer sucesso no país.

"Na vida a gente não sobe de salto alto"
Dilma Rousseff

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Oi, oi, oi... E a crítica ao desconhecido


E hoje (dia 19) a ótima novela, Avenida Brasil chega ao seu fim. Vai deixar saudades. Não há nada mais divertido que acompanhá-la vendo os comentários no twitter. Porém, claro, “do outro lado”, já começam as críticas dos “cults” (ou algo do tipo) que odeiam novela e bla... bla...bla...

Só deixando claro, é evidente que a pessoa não é obrigada a gostar de novela e nem precisa se justificar por isso, é uma opção, algo justo e que deve ser respeitado. No entanto é exatamente ai que começa o problema, algumas pessoas tem a ânsia de se justificar. E aí já viu, é aquela coisa: “novela é coisa de idiota”, “novela é alienação”, “novela é isso, aquilo”, e por ai vai... O mais interessante é aquele tipo de gente, onde o diálogo seria mais ou menos assim:

- E aí, você assisti Novela?
- Não! Odeio novela!
- Ahh. Ok, então nem vou comentar contigo sobre Avenida Brasil.
- Essa novela é um lixo.

Ué? Se a pessoa odeia, logo, entendo eu, não assiste, então, como ela sabe que a novela Avenida Brasil é um lixo? E aí entra o objetivo do post. Por que há esse preconceito com as novelas? Esse esteriótipo, essa visão tão intransigente. Será que é porque novela é algo de “consumo popular”. Avenida Brasil é uma das melhores produções que já vi nos últimos anos, a trama em si, o jogo de câmeras, utilizando em algumas cenas, técnicas de acompanhamento (acho que é esse o termo) usado, por exemplo, no filme a Bruxa de Blair (excelente!), a forma mais realista das cenas no lixão, e claro, as atuações primorosas de José de Abreu (como Nilo), Adriana Esteves (como Carminha), Murilo Benício, pasmem (como Tufão)*, enfim, é uma novela digna de Terra Nostra, Rei do Gado e Torre de Babel, em minha opinião.

Então o amigo leitor (?) deve pensar. “Ah. Mas, que noveleiro chato”. Não, não sou. E até acho que a maioria das novelas não possuem boa qualidade, de cinco, diria que uma é boa. Porém, sei (ou tento) diferenciar e notar quando algo é bom (e Avenida, é) de algo que não é. E assim como as novelas não são “boas” em sua maioria, filmes (made in Hollywood) também não são, seriados (made in Estados Unidos) também não, muitos não conseguem nem ser originais, creio que você já viu algum seriado de um grupo de pesquisa (ou policiais) que investigam crimes, né?. E mesmo assim não vejo as mesmas críticas a essas produções. E não vale o argumento de que lá, são “superproduções” que gastam milhões. Ué, e desde quando gastar muito que dizer algo? Sendo assim, clássicos do cinema como: “E o Vento Levou”, “O Iluminado”, “Casablanca”, etc. Não podem ser considerados bons, porque não são “superproduções milionárias”.   

Enfim, como falei anteriormente, toda pessoa tem o direito de não gostar de novelas. Mas, é injusto demais criticar algo que não conhece a fundo. E pior! Criticar o gosto alheio, sobre algo que você não vê (nem quer). E ai não é questão de gosto, e sim, de respeito, que, como sabemos é o que de melhor temos em nossa condição de humanos (rá!).

"Aprendi a não tentar convencer ninguém. O trabalho de convencer é uma falta de respeito, é uma tentativa de colonização do outro." José Saramago



Sobre novela. (os comentários abaixo serão apenas para quem acompanha):

Como já havia falado em outros locais:

Na boa, de novo esse efeito "quem matou Odete Roitman". Já foi assim com Lineu (em celebridade), Norma (em insensato coração) entre outros... Pô, quanta falta de criatividade. tipo, porque não invertem a lógica? explico: ao invés de haver o assassinato e depois revelar matou, revelar anteriormente quem matou e nortear a história em cima da morte, trabalhando as razões (positiva ou negativamente) que levaram o personagem (já revelado) a cometer o crime... seria bem mais interessante, em minha opinião. 


*Sobre Murilo Benício, não sou muito fã do ator, dele, destaco (antes de Avenida Brasil) o filme “O homem do ano”. Mas, nessa novela ele foi muito bem. Deveria fazer o papel de um ex-jogador de futebol bobão, e fez maravilhosamente.

*A novela é ótima, mas, lamento demais o “núcleo Cadinho”, uma pena, era para ser engraçado? Não foi. Ficou pastelão, chato, forçado. Poderiam utilizar a deixa para tratar sobre o tema de um novo conceito de família, mas, não foi, só lamento.

*É claro que é muito chato esse exagero e “venda de peixe” que a Globo faz sobre seu produto, o exagero e o ufanismo já comum, mas, como disse é comum e não é isso que faz a novela ser ruim, temos que saber separar as coisas.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

"Enquanto te exploram tu gritas gol"... Com certeza! grito gol, pulo e abraço a pessoa ao lado...


Época de eleição é moda a frase “enquanto de exploram, tu gritas gol”. Eu poderia ser bem direto e dizer que isso é uma bobagem e uma coisa não tem nada a ver com a outra, no entanto, irei aprofundar mais sobre o assunto.

Normalmente quem fala isso está clamando, de forma moralista/hipócrita, uma “reação” do povo aos desmandos dos políticos. Mas, o que o futebol tem a ver? Assim... A pessoa precisa viver em função da política e de “não ser explorado” e quem comenta isso, entende e vive a política de forma ativa, ou só compartilha no facebook porque acha bonitinho?

Mas, os moralistas podem falar: “ahh. Mas as pessoas se importam mais com o técnico da seleção do que com o presidente do país”, realmente, muitas vezes o “povo” questiona bastante o trabalho do técnico, porém, vale lembrar que o “povo” (uma pequena parcela é claro), já saiu às ruas pelo impeachment de um presidente, vale lembrar que o “povo” (em uma parcela maior) saiu às ruas contra a Ditadura Militar. Ou seja, se em algum momento da história o trabalho do técnico da seleção brasileira de futebol é mais questionado que o do presidente, talvez seja porque o presidente (na concepção da maioria das pessoas) faz um bom trabalho e o técnico, não; e a democracia é isso, certo? Ou será que não existe democracia no “reino moralista” (pergunta recíproca).

Ai meus “amigos” moralistas dirão: “ahh. Você falando assim, parece que o Brasil é uma maravilha”. Não, realmente não é, porém, o que é passado ao povo é isso? A “grande mídia” vende o “verdadeiro Brasil”, ou, um Brasil ufanista? Por que movimentos que questionam nossas falhas sociais são “esquecidos” e demonizados? Ou seja, se temos de um lado “manipulados” (o que é questionável) do outro, estão os alienados. E esses alienados (os moralistas, tá) que se acham tão politizados ajudam em que na conscientização, postam no facebook a frase: “enquanto de exploram, tu gritas gol”, só isso?

Ainda pode-se falar: “Ahh. Mas, algumas pessoas dizem que trocam a mulher e o emprego, porém, não deixa seu time”. É, se isso tivesse muita lógica, creio que o número de separações e de empregos seria maior no Brasil. Enfim, e claro, não poderia deixar de lembrar aos moralistas que países como: Inglaterra, Alemanha, Espanha, Argentina, etc. possuem pessoas tão fanáticas por futebol (ou até mais) quanto o povo brasileiro, será que esse é o motivo da exploração deles? Isso sem contar a paixão dos estadunidenses, maiores consumidores de esporte no mundo, de Cuba pelo beisebol, Austrália pelo rúgbi, etc. Será que a mesma “lógica” que vale para o Brasil, vale para esses países? E Por favor, não vale usar o argumento “ahh, que se danem os outros”, que isso é muito vergonha alheia.

Por fim, não deve-se confundir o fato do futebol ser usado como meio político, e ai sim, muitas vezes para “manipulação”, do que o futebol por si só ser o motivo da “alienação/manipulação”, o futebol por si só é “apenas” uma paixão, distração, etc. Assim como várias outras que temos em nossa vida, para alguns é mais importante, para outros, não. Mas, não é o “ópio do povo”, já que, diferente da religião, por exemplo, não é o meio de uma “promessa futura” (de ser salvo) e sim de um momento de êxtase. “Apenas” o momento. É como disse uma mulher em documentário que vi dia desses. “O povo brasileiro quer educação, comida e alegria”. E a alegria, muitas vezes, é o futebol. 

"O que finalmente eu mais sei sobre a moral e as obrigações do homem devo ao futebol".

Albert Camus