quinta-feira, 19 de setembro de 2013
Embargos à democracia ou à democracia dos embargos?
Toda esta polêmica dos embargos infringentes (votado ontem no STF) poderia ser levado para uma discussão muito mais ampla e ao meu ver proveitosa sobre: Lei x ética x democracia.
Uma declaração que sintetiza bem o que o post pretende é a do ministro Luís Roberto Barroso que disse:
“Não se deve votar pela multidão” (clique aqui para ler)
Frase muito interessante e sintomática sobre o paradoxo: Lei x Ética x Democracia.
Através dela, pode-se discutir o conceito de lei. O que é? Até onde há limites para ela e sua capacidade em ser justa; e partindo desse ponto, debater se a justiça caminha ao lado da ética e da democracia, além de ser questionar os limites deste último.
Os "malditos" embargos infringentes estão totalmente dentro da lei e sendo assim, é um direito de todos os acusados. Não é a primeira vez que ocorre, nem será a última, talvez seja a de maior mídia, mas, é um direito. Até porque: "Todos tem direito a defesa", é um preceito básico da... e aí voltamos para ela... Lei (nacional).
No entanto, questiona-se a ética (ou falta dela) de se realizar um novo julgamento. Mas, é realmente “ponto comum” que houve falta de ética? Vejamos. Se é um direito (de todos) a ampla defesa, então, dizer que não estão dentro da "ética", seria um erro, certo?...Exemplo, se me sentisse prejudicado eu me defenderia na lei, independente do que terceiros possam achar, e me submeteria ao julgamento dos representantes dela (a lei). E aí não há como discutir a ética disso (ou há?). E, analisando este caso, vejo que existe uma indefinição interna (dos juízes) sobre a "justiça", ou seja, meio que legitima o direito a defesa por ser algo de grande complexidade (não costumo aceitar tão facilmente "teorias da conspiração" e prefiro evitar um certo senso-comum de “Pizza”).
E por fim entramos na democracia, é claro que o desejo da maioria é de que todos os participantes do mensalão estivessem presos (para alguns, inclusive quem não participou. Mas, enfim). Porém, até onde é ético e está na lei à "democracia plena"?. Odeio esse exemplo, mas: foi à “democracia plena” que escolheu Jesus ou invés de Barabás...Sei lá... talvez se o "salvador" tivesse um bom advogado e um julgamento feito por pessoas "preparadas" as coisas seriam diferentes. Ou como vi alguém falando, se fosse para a “opinião pública” (muito atrelada a opinião institucional da mídia) decidir questões jurídicas, era melhor acabar com o STF e voltar com o “você decide”. Então, até onde pode ir à "democracia". O desejo da maioria, talvez (eu disse talvez) pautado na ética ("de grupo"), pode sobrepor ao direito individual de estar na lei?
Enfim, esse julgamento, devido a toda a publicidade, deveria ser visto muito além de aforismas simples como: "é pizza", "são comprados!", "é a mídia que está fazendo isso". É algo mais complexo, que poderia, inclusive, servir de ponta para mudanças institucionais em relação à lei, ética e democracia ou mais embargos.
"A democracia constitui necessariamente um despotismo, porquanto estabelece um poder executivo contrário à vontade geral. Sendo possível que todos decidam contra um cuja opinião possa diferir, a vontade de todos não é por tanto a de todos, o qual é contraditório e oposto à liberdade". Kant.
terça-feira, 13 de agosto de 2013
A resignação ideológica-social
Apesar de não ser anti-religião/religiosidade (como pode ser visto no post anterior) se tem algo que acho insuportável nos dogmas (em algumas religiões) é a resignação: “ahhh minha vida é assim (uma merda) porque Deus quis assim”. É bem comum ouvir isso. Mas, muito pior que a resignação religiosa, é a que chamarei de “resignação ideológica social”. A que ao invés de colocar a “culpa” em Deus, coloca nos “padrões e regras sociais”.
Abordarei dois exemplos para não alongar muito, mas, existem diversos. Um é em relação à pobreza. É óbvio que o fato da pessoa ser pobre não significa que ela seja pior (em nenhum nível possível) que uma “classe média” ou rica, claro que não. Porém, isso também não significa que ela deve “achar ótimo” ser pobre, ou ser resignado a ser pobre porque: “Ser pobre é legal, é a sociedade consumista que quer criar padrões de consumo e riqueza para você”. É claro, falando de forma “popular” que a pessoa não precisa ser um escroto (#classemédiasofre), esbanjador, porco capitalista (pra ficar de boas com os amigxs), etc. No entanto, o paralelo a esse tipo de indivíduo, principalmente no nosso modelo (atual) de sociedade ocidental, não é “ser pobre”, a pessoa pode muito bem ter “de tudo” e ser totalmente “sociável” (eu sei, é um termo amplo).
As vezes me passa a seguinte impressão: Que determinados grupos querem que o pobre tenha seus “direitos naturais” respeitados (saúde, casa, comida), no entanto, ter um carro e uma Sky, é um pouco demais, né?... Aí vem sempre lugares comuns: “fulaninho é um cara legal. Nunca saiu da sua favela”, ou “fulaninho depois que ficou ~rico~ traiu as origens e foi morar em ~bairro nobre~”. É evidente (apesar de muitos não notarem) que, se a pessoa se sente bem no local que vive, seja uma favela ou uma cobertura na praia, ótimo! Ela não é menos digna que ninguém (pelo local que vive). No entanto, não significa que ela não possa “deixar sua comunidade” porque tem mais condições (ou a opção de). Até porque, em favelas também existem vizinhos malas. E seguindo essa lógica, uma pessoa não deveria deixar sua cidade, estado ou país em busca de melhores condições de estudo ou vida (e o pior é que conheço gente que realmente pensa assim).
Outro ponto da “resignação ideológica social” são os “padrões de beleza”. É óbvio que existem “padrões de beleza” (normalmente europeus) que são “vendidos” pela mídia e oprimem outros tipos de “beleza”. E também é claro que a beleza natural (do cabelo, corpo, etc), deve ser respeitada e tratada com igualdade. Porém, isso não significa que a pessoa não possa mudar ou buscar o “melhor” para si. Exemplo: Uma pessoa mais gorda não deve se envergonhar ou se sentir inferiorizada pelo seu peso, e é massa quando se senti bem com ele. No entanto, se a opção dela é ficar mais magra, isso não a torna pior ou “alienada” (isso sem levar em consideração que obesidade, muitas vezes, é prejudicial a saúde). Fico com muita vergonha alheia com aquela velha forçada de barra, muitas vezes hipócrita, sobre o peso alheio, que é: “ahhh garota você é linda assim, gordinha, não mude, não deixa a imposição dos ~padrões de beleza sociais~ te oprimirem”. Tem algo mais piegas, falso e “auto-ajuda”? É claro, na maioria dos casos a hipocrisia é tão grande que o mesmo que “recrimina” uma mudança, ao ver que o outro perdeu uns quilinhos falará: “Nossa. Você ta mais bonita, parece mais jovem. Perdeu peso foi?”.
Outro ponto da discussão tá no cabelo (normalmente de negros). É evidente (nem para todos) que todo tipo de cabelo é bonito e o único “cabelo ruim” que pode existir é o que ta caindo ou que tenha fungos. Porém, muitas vezes vejo uma imposição ideológica para algumas pessoas negras de “não alisarem o cabelo”. Particularmente acho lindo cabelo cacheado, mas entenderia perfeitamente uma pessoa que queira mudar. Normal pô. A pessoa acordou, se olho no espelho e não gostou do que viu (e vê sempre) e resolveu mudar o visual alisando o cabelo, poderia fazer isso também, fazendo tranças, pintando de outra cor, cortando, etc. Isso não fará dela mais ou menos negro ou “mais alienado”.
É como disse, o que para alguns é “obra de Deus”, para outros é “opressão da sociedade” (Marx ficaria orgulhoso). E nesse meio termo as individualidades vão se perdendo.
Abordarei dois exemplos para não alongar muito, mas, existem diversos. Um é em relação à pobreza. É óbvio que o fato da pessoa ser pobre não significa que ela seja pior (em nenhum nível possível) que uma “classe média” ou rica, claro que não. Porém, isso também não significa que ela deve “achar ótimo” ser pobre, ou ser resignado a ser pobre porque: “Ser pobre é legal, é a sociedade consumista que quer criar padrões de consumo e riqueza para você”. É claro, falando de forma “popular” que a pessoa não precisa ser um escroto (#classemédiasofre), esbanjador, porco capitalista (pra ficar de boas com os amigxs), etc. No entanto, o paralelo a esse tipo de indivíduo, principalmente no nosso modelo (atual) de sociedade ocidental, não é “ser pobre”, a pessoa pode muito bem ter “de tudo” e ser totalmente “sociável” (eu sei, é um termo amplo).
As vezes me passa a seguinte impressão: Que determinados grupos querem que o pobre tenha seus “direitos naturais” respeitados (saúde, casa, comida), no entanto, ter um carro e uma Sky, é um pouco demais, né?... Aí vem sempre lugares comuns: “fulaninho é um cara legal. Nunca saiu da sua favela”, ou “fulaninho depois que ficou ~rico~ traiu as origens e foi morar em ~bairro nobre~”. É evidente (apesar de muitos não notarem) que, se a pessoa se sente bem no local que vive, seja uma favela ou uma cobertura na praia, ótimo! Ela não é menos digna que ninguém (pelo local que vive). No entanto, não significa que ela não possa “deixar sua comunidade” porque tem mais condições (ou a opção de). Até porque, em favelas também existem vizinhos malas. E seguindo essa lógica, uma pessoa não deveria deixar sua cidade, estado ou país em busca de melhores condições de estudo ou vida (e o pior é que conheço gente que realmente pensa assim).
Outro ponto da “resignação ideológica social” são os “padrões de beleza”. É óbvio que existem “padrões de beleza” (normalmente europeus) que são “vendidos” pela mídia e oprimem outros tipos de “beleza”. E também é claro que a beleza natural (do cabelo, corpo, etc), deve ser respeitada e tratada com igualdade. Porém, isso não significa que a pessoa não possa mudar ou buscar o “melhor” para si. Exemplo: Uma pessoa mais gorda não deve se envergonhar ou se sentir inferiorizada pelo seu peso, e é massa quando se senti bem com ele. No entanto, se a opção dela é ficar mais magra, isso não a torna pior ou “alienada” (isso sem levar em consideração que obesidade, muitas vezes, é prejudicial a saúde). Fico com muita vergonha alheia com aquela velha forçada de barra, muitas vezes hipócrita, sobre o peso alheio, que é: “ahhh garota você é linda assim, gordinha, não mude, não deixa a imposição dos ~padrões de beleza sociais~ te oprimirem”. Tem algo mais piegas, falso e “auto-ajuda”? É claro, na maioria dos casos a hipocrisia é tão grande que o mesmo que “recrimina” uma mudança, ao ver que o outro perdeu uns quilinhos falará: “Nossa. Você ta mais bonita, parece mais jovem. Perdeu peso foi?”.
Outro ponto da discussão tá no cabelo (normalmente de negros). É evidente (nem para todos) que todo tipo de cabelo é bonito e o único “cabelo ruim” que pode existir é o que ta caindo ou que tenha fungos. Porém, muitas vezes vejo uma imposição ideológica para algumas pessoas negras de “não alisarem o cabelo”. Particularmente acho lindo cabelo cacheado, mas entenderia perfeitamente uma pessoa que queira mudar. Normal pô. A pessoa acordou, se olho no espelho e não gostou do que viu (e vê sempre) e resolveu mudar o visual alisando o cabelo, poderia fazer isso também, fazendo tranças, pintando de outra cor, cortando, etc. Isso não fará dela mais ou menos negro ou “mais alienado”.
É como disse, o que para alguns é “obra de Deus”, para outros é “opressão da sociedade” (Marx ficaria orgulhoso). E nesse meio termo as individualidades vão se perdendo.
"Não sou político; sou principalmente um individualista. Creio na liberdade; nisso se resume a minha política..." Charles Chaplin.
segunda-feira, 29 de julho de 2013
Sobre as santas quebradas, autismo ideológico e a síndrome de militante arrogante
Tenho, de coração e sem hipocrisia nenhuma, a maior simpatia e principalmente respeito pela Marcha das Vadias e o Movimento Feminista no geral (salve algumas exceções = Femen). Até porque, mesmo conhecendo um pouco, seria muita cara de pau minha criticar o feminismo (como movimento), mas, posso falar sobre as atitudes.
Para começar, boa parte do que poderia falar se resume a esses dois textos> http://escrevalolaescreva.blogspot.com.br/2013/07/guest-post-entre-cruz-e-rosa-luxemburgo.html e http://thaliedrumond.com/2013/07/para-colocar-os-pingos-nos-is/. Mas, vou ampliar um pouco o assunto.
Nem preciso dizer que a atitude de quebrar imagens e crucifixos na Marcha das Vadias do Rio de Janeiro (na última semana), foi de uma minoria no grupo, até porque as próprias organizadoras já falaram sobre isso. Ok. Mas é claro que preciso frisar o “nojinho” que tive de alguns “autistas ideológicos” neste fim de semana, que resumiram o assunto a Igreja x Feministas ou “mídia má” x “feministas boas”, e coisas do tipo. Gosto de acreditar que seja inocência, os famosos “idiotas úteis” (odeio esse termo!)...
Porém, vamos lá... Alguns argumentos foram: “ahhh é a revolta contra a Igreja opressora foi algo na emoção”. Ok, entendo a revolta, mas, creio que o protesto em si já é o “grito” (em conjunto) que expressa essa revolta. E não venham me falar em “emoção” que ninguém sai com um santo daquele de casa sem saber o que vai fazer. E isso sem contar, claro, que, quando se quebra os santos você resume o protesto apenas à Igreja Católica e como sabemos, o único problema é ela, certo? Os pentecostais e Cia quase não são preconceituosos. “Ahhh mas, quando fazemos isso, somos a minoria revoltada, não é uma ação, é uma resposta”. Uma resposta igual aos pastores da Universal quando fazem isso? E mesmo assim, desde quando esse grupo representa (ideologicamente) a “minoria” (não falo em tamanho, falo em opressão). Não suas imbecis. Vocês não são as (únicas) oprimidas. Não tentem agir como se só vocês soubessem o que é “ser mulher” (coisa que eu não sei, óbvio). Mas, recorro a esse outro ótimo texto para resumir essa linha de pensamento> http://outraspalavras.net/posts/a-sindrome-da-militancia-arrogante/
Voltando... Em outro texto que me deu tremenda vergonha alheia vi> “Mas o que o feminismo ganha com isso? A opinião pública ficará contra nós”.
Deixa eu te contar um segredo: a opinião pública nunca esteve a favor do feminismo. Nem se todas as feministas usassem terninhos cor de rosa, fizessem escova e se depilassem, a opinião pública e a mídia estariam nos apoiando.
Pera... pera... pera... mais síndrome de militância arrogante. Ok. Concordo, a mídia não ficaria “a favor”, mas, também não precisava das motivo para ela ser contra. Agora como assim a “opinião pública é contra”?. Primeiro: quem é essa “opinião pública”? E segundo, oxe, só vale feminista? A “opinião pública” é machista? Ou a mídia faz da “opinião pública” machista?. A mulher (não feminista) lá da favela, católica, que abortou aos 15, mas, nunca ouviu falar de feminismo não é contra o aborto?, por exemplo. O feminismo (de fato) chega a ela? Pera... o assunto é outro, perdão. Enfim, como assim “vamos fazer isso mesmo porque a ~opinião pública~ será sempre contra nós”, não gente, autismo ideológico, não. O MST, por exemplo, “sempre” será do lado oposto a mídia, mas, não é por isso que eles saem por ai ocupando a plantação de pequenos agricultores, não. A ~opinião pública~ é importante, sim. Não façam o jogo da direita de que “o brasileiro é conservador”, existem fatores culturais para isso, e esse axioma não é verdadeiro.
Eu sei que a maioria que tomou essa atitude não entende de semiótica, religião e da importância da mesma na vida dos outros. Talvez elas não saibam que as imagens quebradas são as quais as mulheres, agredidas pelos seus maridos, se ajoelham para chorar e encontrar conforto (não vejo isso como positivo, ok), as imagens quebradas, são as mesmas, que, mesmo numa catarse as vezes “sem sentido”, une negros, brancos, ricos, pobres, etc. É a mesma que várias e várias mulheres se ajoelham pedindo para que seca acabe, para que seu filhx consiga um emprego, para que a polícia não invada seu barraco. As imagens, alvo da revolta, são as mesmas que, na falta de oportunidades, trazem esperança. E não é a religião, as imagens não representam (apenas) isso, essas pessoas não estão nem ai se o Papa é a favor ou contra o aborto, se a Igreja oprime ou não, ou mesmo o que está escrito na nova encíclica do Papal.
Também fiquei com a impressão que quebraram a imagem de Maria porque ela representa a “santa” (nem santa, nem puta). Ok. Mas, sei lá. Se a gente for analisar, elas quebraram a imagem de uma figura histórica que, no meio de uma sociedade machista e sob o risco de ser morta, aceitou “ter um filho fora do casamento”, sinal, no mínimo, de coragem (estou falando como figura histórica, ok). Elas quebram a imagem de uma das poucas mulheres que são retratadas com maior destaque do que os homens na história, que causa, talvez por ser mulher, desconforto em parte da sociedade machista. “É um absurdo essa mulher ser mais adorada do que Jesus”, (ver> http://osentidoeoverbo.blogspot.com.br/2011/08/maria-maior-invasao-de-privacidade-da.html) dizem os evangélicos. Sei lá... As vezes acho que a figura da imagem quebrada é mais feminista do que muitas que estavam lá.
Ahhh sim. Já que a intenção é destruir símbolos da opressão. Sei lá. Seria legal não ir, e de preferência destruir, shoppings, empresas que realizam comerciais machistas, a globo, a Record, o SBT, o templo da Universal, e se for para ser alguma imagem, que seja a de São Pedro...É claro...
“Quem quer destruir pela violência física os simbolos do capitalismo, deveria então rasgar dinheiro - o simbolo maior do capitalismo” Emir Sader.
quarta-feira, 24 de julho de 2013
Quase deuses
Não tenho capacidade institucional para comentar (com propriedade) sobre o “Ato Médico” e o programa “Mais médicos”, apesar de ter minha opinião formada. Porém, eu posso “não poder” falar tecnicamente sobre o “meio” dos médicos, mas, posso comentar sobre suas atitudes. E é sobre isso que abordarei.
Já trabalhei com médicos e aquele velho ditado: “Médicos não se acham deuses, tem certeza!”, cai como uma luva em boa parte deles e esses “protestos protecionistas” recentes mostra bem isso. Mas será que a culpa é só deles? Por que outras classes que possuem, de certo modo, a mesma arrogância dos médicos, como jornalistas (da qual faço parte), engenheiros e divulgadores da Telexfree não conseguem interferir diretamente no meio ou possuem o mesmo respaldo que os “nobres” da medicina.
A resposta talvez seja porque socialmente os “doutores” (e só por usarem esse termo já diz muito), são tratados como uma classe “acima da lei”, inquestionáveis. O “doutor” disse e a gente concorda, o máximo que pode fazer é ouvir a opinião de outro “doutor”. Tanto é que, em quase todas as outras profissões há o reconhecimento geral do mérito de quem realiza o trabalho, mesmo que com uma certa hierarquia, na medicina, não. Se alguém salvou sua vida: “foi o doutor”, nunca (ou quase) foi o pré-atendimento dos bombeiros, o pronto atendimento da enfermeira ou mesmo o pós-atendimento de outras áreas (fisioterapia), por exemplo.
Outro ponto importante é a infalibilidade da classe. Quando um jornalista erra, a classe ou no mínimo o jornal (ou emissora) é criticada por inteiro pelo erro de um, quando um policial erra a policia e seus métodos (do quais não concordo) são criticados como um todo. Porém, quando o medico erra, ele tem nome, endereço e não representa o todo, não é um erro “de classe”, é o erro de uma pessoa.
Para essa, ao meu ver, supervalorização, há sempre a indagação “ah mas os doutores estudaram muito e merecem esse know how”. Merecem? Como vivemos numa parcial sociedade capitalista, eles merecem os seus (bons) salários pelo que estudaram/responsabilidade que tem, agora até onde vai o know how (de “deuses”), talvez haja um exagero, pois boa parte dos médicos não salvam vidas sem um equipamento (tecnológico) necessário e para chegar até aí, uma série de classes (profissões) tiveram importância. E mesmo sem as máquinas, o auxílio humano de outras funções é importante, até porque, como já foi dito, sem um bom profissional de enfermagem, um médico terá seu trabalho totalmente dificultado. Pode até salvar vidas, em dados momentos, assim como alguém que tenha conhecimento em primeiros socorros também pode, bombeiros ou até uma pessoa comum, por exemplo.
Além disso, os medicamentos e vacinas que, em alguns casos, também salvam vidas, nem sempre foram criações de médicos. Isso sem falar já utilizada na “medicina tradicional”, porém, ainda pouco valorizada, medicina natural, feita por “não-doutores”. A mídia também tem uma função preponderante para a “construção social do doutor”. É sempre muito abordado os esquemas fraudulentos de corretores, bancários, políticos (claro), da igreja, da polícia, da própria mídia, etc.. etc... Mas, os conluios entre médicos e laboratórios ou empresas de plano de saúde. Até no cinema os “doutores” tem uma imagem de “herói” para “Rambo” nenhum botar defeito. É muito comum filmes onde diversas outras profissões, jornalista, corretor, cozinheiro, vendedor, etc. No entanto, em relação a medicina, mesmo em filmes onde eles são os vilões (como em “um ato de coragem”), de alguma forma terminam sendo exaltados como “salvadores”.
É evidente que é medicina é importantíssima, não discuto isso. Mas, sim, o aspecto de “superiores” que a sociedade cria e eles (como classe) muito bem assimilam, fazendo com que, muitas vezes, deixem de lado a maior obrigação de um médico: servir ao povo. E ah! Antes que você fale: “é, quando tiver doente você vai procurar quem? O chapolin colorado”. Não, claro que não. Talvez eu vá em um médico, assim como, creio eu, quando precisou construir sua casa um médico não contratou outro da mesma profissão, quando precisa se informa um médico não lê artigos pessoais de outros médicos ou mesmo quando for voar de avião não é um médico que pilota. Ahhh sim, e claro, para se tornar médico, passar em vestibulares (seja aqui ou na Bolívia) etc, o “doutor” não aprendeu tudo com outros “doutores”. Quer dizer, sim. Na maioria dos casos aprenderam com os verdadeiros doutores, o professor.
sexta-feira, 21 de junho de 2013
Quem é esse gigante? e em quem ele está pisando...
Leia esse texto>
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Continuando....
Esquerda x Direita na avenida Paulista; MPL denuncia “ares fascistas” em SP
Continuando....
Ontem no “protesto” (ahahaha) aqui em Recife, tive o prazer de discutir com um "sem-partido" desse aí, e é bem isso mesmo... O monstro é feio, e por isso, esconde a cara atrás da bandeira do Brasil. O monstro não tem pauta, não tem proposta, e por isso, brada contra "oportunistas" ou pelo "fim da corrupção"... Sinceramente, não gostaria de falar muito sobre isso, mas, enfim, se antes achava que era um exagero da esquerda essa ideia de golpe, olho para trás, para a história, e vejo que não. Sei que algumas pessoas da direita devem estar com um leve sorriso no rosto com esses fatos, é um erro. Carlos Lacerda (ver no google) "marchou contra Jango" em 1964, mas, ao ver-se traído pela Ditadura Militar, em 1966, passou marchou ao lado dele (Jango) na Frente Ampla.
Ontem, me senti de fato minoria, e olha que não é porque sou a favor da corrupção, do ato médico, da PEC37 e contra o Bode Gaiato, não. Mas, apenas, porque sou a favor da liberdade plena. De, em meio a uma heterogeneidade de manifestações, os partidos (qualquer um) estejam lá, afinal, como diz o texto: “ muitos desses partidos é que ajudaram a construir a Democracia que permite a todos nós estar na avenida”.
Não vejo problema do PT e cia "de esquerda", perder/sair... mas, nas urnas. Também não vejo problema (e até acho justo) uma "reforma política", mas, através da Constituição (por sinal, não vi NINGUÉM "sem partido" aclamar a Constituição nesses protestos, estranho, não?) ...Querem acabar derrubar a Dilma? ok! (se muitas pessoas querem, não deixa de ser um direito), mas, para colocar quem no lugar, o Michel Temer? ahahahaha... enfim... medo... tristeza... É alguns dos sentimentos que tenho ao ver tudo isso, o que até atrapalha qualquer texto mais produzido, mais “pensando”. Esse, é mais “emoção” mesmo. O povo, como falam, não estava nas ruas em sua plenitude, o povo, como falam, não é o violento, não abaixa a bandeira de ninguém (ignora na maioria das vezes). Enfim, não vou fazer um texto maior...
Mas, uma analogia que faço do que vi (vai ficar meio estranho) seria daqueles fãs que sempre apoiou seu ídolo, comprou CDs, ia para todos os shows que normalmente tinham um público pequeno. Porém, em um dado momento, esse “artista” se tornou “popular”, se tornou “grife” e quem sempre esteve lá no começo com ele, passou a ser barrado na porta dos shows. E meu medo, é que, em breve, o show acabe.
Sobre esse protesto em SP:
- Nenhuma era de partidos de direita, como PSDB ou DEM. Não. O ódio “anti-partido” tem um sentido muito claro. (E olha que o PSDB/DEM governa SP há mais de 20 anos)
- Na minha frente, um homem com capacete de motoqueiro e jaqueta de couro tentou bater numa senhora com mais de 60 anos, que carregava uma bandeira vermelha. “O PT não vai sair dessse quarteirão, não vamos deixar o PT pisar aqui, é a nossa avenida”, ele gritava descontrolado. (vi algo exatamente igual aqui em PE)
- Tentei seguir na argumentação (juro que tentei, apesar do barulho e das hostilidades): “mas muitos desses partidos é que ajudaram a construir a Democracia que permite a todos nós estar na avenida”. E ele: “foda-se”. (Passei por algo parecido)."Todo o partido existe para o povo e não para si mesmo." Adenauer , Konrad.
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