sábado, 27 de junho de 2015

Por que escrevo? (parte 4 - Nostalgia)


Já falei sobre a ansiedade, ou seja, o futuro. Agora, nada mais justo que falar do passado, a nostalgia. Justo não, difícil... Pensei em alguns autores para começar de forma mais “filosófica”. Porém, creio que a nostalgia vá além da vã filosofia, de teorias, teses e pensamentos. Ela talvez expresse de forma mais “material” um sentimento.

Amor, saudade, tristeza e até mesmo a ansiedade, são sentimentos que sabemos (alguns) quando estamos, porém, bem difíceis de explicar, claro, fugindo a clichê de “amor é quando você etc... etc..”... No entanto a nostalgia, não. Ela é palpável, ela existiu. Você só sente(ou deveria sentir). nostalgia de algo que viveu. Ou seja, não é algo apenas idealizado, é (ou foi) real. E como isso pode ser ruim. Anteriormente falei que “A ansiedade talvez seja a mais cruel capanga do tempo”. Verdade. Porém, a mais sádica, a que nos corrói por dentro de forma mais lenta e, muitas vezes, dolorosa, é a nostalgia. E não adianta, ela sempre virá com a face de algo bom. De lembranças de bons momentos, etc. Até porque, a “irmã ruim” da nostalgia é o pesadelo que nos traz as lembranças desagradáveis.

Mas, então como convivemos com o bom que não volta mais? Ela não nos está prometendo algo, como a ansiedade, ela está nos dizendo “Você gostou daquilo, lembra? Foi bom né... então, talvez nunca mais volte. Como você vai conviver com isso?”. E como convivemos? As vezes fingimos que o que passou foi satisfatório, mentimos para nós mesmos, outras vezes, dizemos que nem foi tão importante, e continuamos mentindo. E claro, existem aqueles momentos em que entendemos a armadilha em que a nostalgia nos colocou, e aí, caímos nos braços da ansiedade, criando fantasias ou planos de repetir o que passou e aí pisamos no tempo, ou pior ainda, na realidade, de forma dura.

A nostalgia é tão sacana e sádica que ela nos faz sair do real para o irreal, o “impossível”. Se na ansiedade, mesmo que muitas vezes difícil, nós idealizamos algo que, talvez, possamos conseguir (mesmo que de forma torpe). Na nostalgia, não. O fruto dos nossos desejos não serão mais repetidos. O máximo que podemos fazer é querer voltar no tempo. Ou seja, o impossível (até onde se sabe). E ela é um sentimento tão “palpável” que nos leva a outros estágios. Talvez, do tridente (ansiedade, nostalgia e tempo), só ela nos faça rir, lembrando dos momentos, ao mesmo tempo em que choramos, lembrando que eles não voltam, e sente raiva, ao imaginar que deveria ter aproveitado. Tudo lá, ao mesmo tempo, como se fossem aqueles socos abaixo de cintura que parecem “leve” mas, doem bastante.

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