segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Islamismo: preconceitos do passado, no presente


O estereótipo da luta do Bem contra o Mal, na oposição entre Ocidente e Oriente, desemboca em uma revivescência do espírito das Cruzadas. As ações tomadas, no século XXI, contra os islâmicos mostram reflexos dos estereótipos criados durante a Idade Média, embora teoricamente estejamos muito longe desse período. Os países do Oriente Médio, em sua maioria muçulmanos, localizam-se numa região estratégica e rica em recursos minerais, como o petróleo. A intervenção ali realizada contra “ditadores” e “grupos radicais” retoma a antiga visão medieval do Bem, relacionado ao cristianismo, e do Mal, associado ao islamismo.

Há um entendimento, no Ocidente, de luta contra o Império do Mal, o que, no mundo globalizado, significa uma releitura do conceito de Cruzada. Historiadores conceituados, como Bernard Lewis, apresentam uma visão etnocentrista de que a função dos países ocidentais seria a de levar as suas instituições, em especial a democracia e os direitos humanos, aos muçulmanos, justificando assim o uso da força para dominar essas populações.

A postura atual é muito semelhante, portanto, àquela adotada a partir de fins do século XI, quando - principalmente por motivos religiosos e econômicos - houve a idéia da retomada da Terra Santa, Jerusalém, e também da Reconquista Cristã na península Ibérica. Os islâmicos passaram a ser vistos como a encarnação do Mal, uma representação do diabo. A luta contra os "infiéis" garantiria ao cristão a possibilidade de salvação e amparava qualquer atitude em nome da Guerra Santa. Em meio à carnificina, as Cruzadas, ao mesmo tempo em que aproximaram os ocidentais da matemática, filosofia e medicina, desenvolvidas pelos árabes, serviram para ampliar as desconfianças entre as duas culturas.

Assim como a era medieval forjou preconceitos arraigados até hoje, ela também apresenta algumas respostas positivas de convivência entre Oriente e Ocidente. Um exemplo é o período de expansão árabe na península Ibérica, al-Andaluz. A revelação espiritual de Maomé estabeleceu dois princípios básicos: o primeiro, a retomada de antigos valores tribais de solidariedade e proteção aos mais fracos (muruwah). O segundo foi o apreço pelas religiões mais antigas, judaísmo e cristianismo, cujos preceitos eram respeitados no Corão. Ao dominar al-Andaluz os muçulmanos não perseguiram os cristãos e judeus, nem lhes impuseram seu credo. Ao contrário da posição adotada pelo espírito das Cruzadas, de ideologia ocidental que persiste até hoje.


“Não criei os gênios e os humanos exceto para Me adorarem.” (Alcorão 51:56)


Um comentário:

  1. Tão perigosa quanto à imbecilidade assassina do Estado Islâmico é a covardia ocidental. Na década de 50 o historiador britânico Arnold J. Toynbee havia previsto que a próxima guerra seria entre cristãos e muçulmanos. Vale lembrar que, naquela época, Gerge W. Bush ainda usava calças curtas e nesses últimos 15 anos contabiliza-se quase 25.000 ataques islâmicos (da religião da paz). Depois de um dos ataques mais recentes, a um balneário tunisiano (26/06/2015), 82 mesquitas foram fechadas na Tunísia porque seus clérigos incitavam os fiéis à violência. Aqui não estamos a falar exclusivamente de grupos terroristas, mas também de religiosos com uma responsabilidade social considerável. Sermão inflamado contra o Ocidente não é escandaloso no meio islâmico. O problema é que outros fatos do tipo iriam repercutir negativamente na receita tunisiana com a debandada dos turistas europeus.
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    Dizer que nem todo islâmico é terrorista significa o quê? Absolutamente nada! Dizer que os terroristas não são islâmicos, “se fingem de islâmicos”, significa o quê? Que são cristãos disfarçados a confundir a opinião pública? Ora, gritam a cada ação “Allah ú akibar” (Alá é grande) só para confundir e não pelo que, realmente, acreditam estar lutando? Qualquer bobagem da desinformação é usada, se for para contribuir com o avanço do islã sobre o mundo ocidental.

    Além de mentirosa e ridícula, essa mania de isentar o islamismo da sua responsabilidade é uma opção covarde e equivocada. Não se vai evitar nada de ruim desse modo, uma vez que a omissão favorece a expansão do islã por toda parte, com sua sedução enganadora. Seria mais digno e eficiente dizer: “Resolvam logo isso entre vocês. A construção de mesquitas, madraças, centros culturais e a difusão da sua crença estarão suspensas no Ocidente até que se mostre, na prática, uma solução confiável e duradoura para esse confronto”.

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