Não há nada como assistir um jogo no estádio de futebol e
se for clássico ou final, melhor ainda. Isso é inegável. O clima do jogo, a
cadeia de emoções que podem variar a cada segundo de raiva para alegria, para
decepção e depois alegria de novo. Enfim, inigualável.
Muitos podem falar “ahh mas é violento”, sim, assim como a sociedade em geral.
“Ahhh mas não tem estrutura”, já falei sobre isso aqui, mas mesmo com, em alguns casos, a falta de estrutura, a emoção geral de ir para uma partida (salve exceções) compensa. Já
escrevi sobre torcidas e futebol algumas vezes (aqui, aqui e aqui). Porém,
abordei mais precisamente o assunto “torcidas” no texto, “ Torcida no Brasil não serve para nada” de dois anos atrás. E é meio baseado nele que falarei
hoje, porém fazendo uma mea culpa.
O tempo passa, a gente evolui (ou não), e sinceramente
discordo de muito do escrevi tempos atrás. Torcida no Brasil serve sim e não há
como “comparar torcidas”. Sabe-se lá porque se criou uma “áurea” sobre a
torcida argentina, alemã ou inglesa. Deve ser pelo conceito, do qual compartilhava, de que
“eles sim sabem torcer”, motivo: apóia o jogo todo, canta, etc. Ok. Acho lindo, um bom exemplo. Todavia, não significa que ela seja “melhor” que a
brasileira (ou qualquer outra). Dizer isso é maximizar aquele pessoal que gosta de ser “caga-regra” de como torcer. Não
tem aquele cara chato no estádio que fica falando: “Se for pra ficar sentado
vão para casa. Tá aqui para torcer, etc. etc.”, ou seja, que acha que o torcedor deve agir igual a ele, pronto, é bem isso.
Você dizer que “há um jeito certo de torcer”, é mais ou
menos dizer que “há um jeito certo de expressar sua emoção”, e pior, de certo
modo ainda interfere em direitos básicos de comportamento, até porque, se eu estou pagando para ir a um jogo de futebol, no campo, não atacando ninguém
(fazendo algo “fora da lei”), posso fazer o que bem entender, gritar, chorar,
dormir, levar um porco (ta, aí não sei). O importante, óbvio, é o estádio estar
cheio (e aí sim a gente pode discutir o papel da torcida brasileira na média de públicos).
Até porque poderíamos ver o lado "ruim" desse apoio incondicional, exemplo: Jogo
entre Middlesbrough (Boro) x Manchester City em 2008, 7 (SETE!!!) a 0 para o Boro e, aos (mais ou menos) 35 do segundo tempo, o City faz um
gol, o que a torcida (sim, ainda tinha torcedor do City em campo), faz?
COMEMORA! (ver a partir de 1min e 40)... Sério que isso é um “grande exemplo de apoio?”. Sinceramente, na
minha terra, seria outra coisa. E esse é apenas um exemplo de vários outros
casos, ontem mesmo, Bayern sendo humilhado pelo Real Madrid em casa e a
torcida... ...Comemora, canta!... Por quem? Por que? Sinal de “amor
incondicional” ou seja, "estamos lá nos bons e nos maus momentos", pode ser. Mas, o que de fato isso pode
interferir na grandeza do time ou no resultado da partida. E além disso, desde
quando “amor” significa apoiar incondicionalmente? Amor também pode aparecer em
atitudes como chorar, se calar ou até mesmo reclamar, xingar... Claro, chegar a
pontos como agressão (algo que não ocorre só no Brasil), está completamente
fora de qualquer atitude “aceitável” de um torcedor.
Enfim, seja sentado, cantando ou como os japoneses, fazendo "ohhhhh..." para qualquer passe certo, o importante é, como diria aquele velho clichê, "a festa das torcidas no estádio", porém, cada um ao seu modo, pois, parodiando o Conde do Brega: “A
liberdade ta aí... ta aí...".
"A torcida paga ingresso para ver o time vencer. Quem quiser ver espetáculo que vá ao Teatro Municipal." Muricy Ramalho.
"A torcida paga ingresso para ver o time vencer. Quem quiser ver espetáculo que vá ao Teatro Municipal." Muricy Ramalho.
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